10 anos em Lisboa

Lembro-me como se fosse hoje quando saí daquele avião no dia 24 de Setembro de 2000...

Recordo-me até da roupa que vestia, o cheiro diferente que o meu nariz inalava, uma luz incandescente que me agradou. A primeira coisa que me lembro de ter pensado foi em Liberdade, não que estivesse preso, mas finalmente estava no sítio que desejava, sozinho, pois assim quiz seguir eu o meu caminho, sozinho.

Fui-me encontrar com uma rapariga que não conhecia de lado nenhum, nem ela a mim. Vá na altura já havia telefone móvel, indicamos a roupa que traziamos e estando ela completamente vestida de preto, em pleno verão, foi rápido reconhece-la, pois era a única assim vestida no meio da multidão.

É tão marcante este dia na minha vida...

A viagem de táxi até a casa da Ângela, foi como o início duma viagem que ainda hoje percorro. Uma grande artéria, numa hora confusa de trânsito, muito barulho e ouve-se uma voz séria de alguém que não se conhece, "é alí que tu vais passar os próximos anos da tua vida a estudar"... Sentí um arrepio no estomago quando ouví os próximos anos da tua vida, invadiu-me o receio do desconhecido, da nova cultura, do comandar a vida duma forma "solitária".

10 anos...

A partir desse dia e olhando para atrás com eterna saudade, posso dizer que é dos dias mais marcantes da minha vida, pela carga de sentimentos que senti a partir do momento em que tomei a decisão de vir estudar para Lisboa. Posso dizer que foi das decisões mais importantes que já tomei até hoje...

...aquilo que sou hoje é producto do caminho que tracei a partir do momento em que pisei Lisboa pela 1ª vez.

Estado Nostálgico

Se a nostalgia fosse venenosa...

Não sei porquê mas nos últimos tempos são muitos os minutos, horas ou até dias inteiros em que sou invadido pelo estado nostálgico, pela saudade de coisas que viví, pelas pessoas que se cruzaram no meu caminho e que sei que dificilmente as voltarei a encontrar, porque todos tomamos caminhos diferentes; saudade da faculdade, até de alguns momentos maus que hoje, olhando para atrás, parecem-me ridiculamente um absurdo achar que aqueles momentos eram apontados como um mau momento.

Nostálgico é como posso definir estes últimos tempos, coisa irritante não fosse isto dia sim dia não.

Talvéz seja apenas um prenúncio do Outono que aí vem...

Entrevista (s)

Foto: Marcos Lopez

Já podia fazer um diário de entrevistas com as propostas mais absurdas que já me fizeram até hoje.

Hoje fui a mais uma que até acho que tinha perfil para aquilo, embora nada tivesse a ver com a minha área de formação... mas tempos actuais a isso me obrigaram, pois a minha tem um Licenciado para um X de habitantes que começa a pisar o absurdo da demanda a sobrepor-se à procura (coisa que acontece em inúmeras áreas). Crise? Não sei, já começo a acreditar que a crise apenas foi um pequeno contributo para a confusão das profissões deste País.

Como costumo dizer, estamos a fazer todos os trabalhos dos outros; e basta irmos a determinados serviços e tentar meter um dedo de conversa (desabafo) para acabarem por nós dizer que também são Licenciados e estão atrás do balcão a atender gente mal disposta.

Eu ainda não tinha chegado a esse ponto, mas como também preciso pagar contas e o dinheiro não abunda (infelizmente) pois não acertei ainda na chave do euromilhões... decidí começar a fazer o que os outros fazem, enviar C.V. para trabalhos que jamais imaginei fazer depois de acabar o curso. Só que a todas as entrevistas que fui, não há nenhuma em que não me perguntem: que faz um Licenciado a candidatar-se a esta função?

Quando me fazem a pergunta, faz-se um momento de silêncio enquanto penso, esta gente é estúpida ou fazem-se, para que me chamaram se no C.V. está lá escrito que sou Licenciado... respondí a um com a seguinte questão: quantos daqui da sua Empresa são Licenciados??? Resposta: 80% deles.

LOL para que a pergunta então? Obviamente que nesse terei sido desclassificado logo para a vaga, pois nunca mais me disseram nada e até achei que tinha corrido bem...

Eu não entendo muito sinceramente...

Acho que vou Emigrar mais uma vez!

Saudade

Quando achava que tudo estava a começar a tomar contornos sérios é quando reparamos que algo não estava a funcionar...

Algo se nos escapou das mãos e não sei disser-te o que foi! Simplesmente aconteceu.

Foi tudo demasiado perfeito no início para percebermos que isso não seria eterno. Olho para atrás e só me lembro do quão intensamente vivemos o 1º mês; os nossos corações comandaram tudo. Apaixonamo-nos. Vivemos o sonho que durou a nossa paixão.

Mas o passar do tempo fez-nos ser mais racionais e impediu-nos de continuar a agir segundo o que os nossos corações sentiam. Arriscaria dizer que o nosso maior problema foi a nossa estranha semelhança em muitas formas de ser, de pensar, de agir a determinadas coisas e nestas coisas do amor, a diferença pode jogar a nosso favor...

Sinto-me... com Saudade.

Tomar decisões

Em tenra idade da minha vida, provavelmente tomei a decisão mais importante até hoje. Na altura com 18 anos e sem medos foi tudo muito mais facil... talvéz porque não percebia o risco que poderia correr ao enfrentar um País novo, uma Cidade Nova, gente e culturas totalmente alheias ao que tinha vivido até então! Deixar todas as amizades que construira até então, basicamente começar tudo do 0.

Sei que nessa idade é a melhor altura para correr riscos, temos a inconsciência das consequências que os nossos actos podem levar.

No decorrer dos anos muitas outras decisões tomei na vida, umas mais sensatas, outras mais convenientes e algumas em prol de algo que hoje me é totalmente alheio.

Nunca tive medo de arriscar, de me atirar de cabeça sem pensar muito nas consequências, mudar tudo e largar tudo seguindo o meu intuito e do qual não me arrependo de nada. Há um senão, o tempo que demoro a tomar a decisão é tao massacrante, fico com a cabeça à roda, penso constantemente no assunto e quando já estou quase a explodir acabo por tomar sempre a primeira das decisões que pensara.

Hoje estou nesse estado de espirito, prestes a tomar uma decisão importante que pode traçar o meu futuro, mas que entretanto já me roubou algumas horas de sono, algumas dores de cabeça e o constante pensamento do que será melhor ou pior...

NONE OF DEM

E se um día...

Todos nós ou a grande maioria, passamos a vida inteira à procura do estado de espirito mais cobiçado, a Felicidade! Assim o vejo eu.

Queremos tirar o melhor curso, trabalhar e ganhar bem, para apartir daí podermos comprar tudo aquilo que materialmente desejamos, o melhor carro, o melhor telefone da 3 Geração, a casa no melhor sítio e com a melhor vista, grandes noites nos melhores sítios e rodeados de muitos amigos, viagens, o melhor visual, etc etc etc...

Não sendo isto uma crítica pois falo por experiência própria, porque sempre foi isso que eu desejei ou procurei encontrar/ter, esquecemo-nos muitas vezes do lado afectivo da coisa, daquilo que realmente nos alimenta a alma, daquilo que finalmente nos deseja. A tal pessoa! O tal olhar, o cheiro que te faz fechar os olhos e suspirar enqunto navegas no mais inimaginável da tua mente, que te faz sorrir duma forma parva por vezes quando recebes uma mensagem a dizer apenas Olá?!?! Mas...

E se um dia, essa tal pessoa chega e quando achas que encontras-te finalmente a Felicidade em pleno (falando afectivamente), afinal traz consigo aquilo de que sempre quises-te "fugir"? É um incognito, enche a tua cabeça de dúvidas, apenas ironia ou simplesmente será o destino? Ou será que a Felicidade não existe no completo teor da palavra...

8 meses depois!!

...tenho tanta vontade de escrever, mas custa tanto ver a imensidão branca desta caixa de mensagem.

Um turbilhão de estórias que poderia eu contar aqui, mas que só faziam sentido se a elas correspondessem as datas em que aconteceram e não hoje 6 de Setembro! No fundo insisto em esquecer tudo o que aconteceu este ano, desistí de perguntar o porquê dos acontecimentos que se cruzaram e teimaram em aparecer na minha vida; apenas percebí que não tinha respostas, que ninguém tinha uma resposta, pois há determinadas coisas que na vida nos acontecem não por azar, não por destino, mas sim porque estranhamente acordamos de um sonho, de algo que quase cheira a fantasia.

Sinto que crescí, apenas isso!

Aos 30 cheguei entretanto; criei tantas expectativas em relação a esse número, preocupado com o aspecto físico e outros pensamentos fúteis. Perdí tempo enquanto pensei nisso. Estou igual ou melhor que quando tinha 29, talvés por estar solteiro fiquei com mais tempo de gostar mais de mim, de não ter de partilhar o espelho. Aprendí a ser egoista? Quiçá! Mas para gostarmos de nós não temos de ser um pouco egoista em relação aous outros?

Voltando ao cheiro à fantasia... sim, foi a essa conclusão a que cheguei em relação a algumas coisas que achava que tinha em mãos, aquelas coisas que pensava ter conquistado e que durante 6 anos construí... infelizmente hoje sinto que nunca passei do namorado do amigo e porque não? pergunto Eu! É-lhes legítimo. Não foi uma coisa que não tenha tido um aviso prévio por quem sabia que no final da História nada daquilo que achava como conquistado seria meu. Isto não é um desabafo e muito menos um "Estado de Vitimização", sim que esse não nós leva a lado nenhum. Falo disto até com Saudade, Saudade daquilo que não voltará a acontecer. Tratou-se apenas duma fase de aprendizagem, com cada uma delas aprendí algo de novo na vida, contribuiram com vários momentos de felicidade.

Afinal, o que é para vocês a amizade? Eu ainda não cheguei a conclusão nenhuma, ou tento fingir que não... é apenas só uma dúvida partilhada por alguns, por outros nem por isso.

Este assunto já monopolizou os meus pensamentos há poucos meses atrás; não deixei de pensar nele, simplesmente deixei de me preocupar por não encontrar as tais respostas, agora só importa aquele que se importa comigo, basta que seja um!

Há días ouví num filme: "Amar alguém pode ser das tarefas mais difíceis".

Se é!